domingo, 18 de setembro de 2011

Denorex - Parece mas não é! É Raimundo, mas não é o meu Neto!

Na semana propedeutica ao 25º seminário Educação para o Pensar: transformando escolas em comunidades reflexivas, exatamente no dia 14 de setembro de 2011, ao sair do Colégio Santo Inácio, Colégio Jesuíta, situado no centro da Capital Cearense, a Bela Fortaleza, estava eu acompanhado do divulgador da distribuidora e livraria Pedro I, Rafael Bezerra, subindo a calçada em direção onde havíamos deixado o carro da divulgação estacionado.
Do lado contrário, vinha em nossa direção um casal de Senhores, e logo atrás do casal outra moça, todos desconhecidos por nós.
Ao passa por nós a senhora do casal pergunta-nos de uma forma muito rápida e enrolada: - Onde fica o ....entada? alguma coisa deste gênero.
Rafael não entendeu o que ela precisava muito menos eu, mas em um instante tentei pensar em que poderia ser.
Rafael olhou pra mim, e na melhor das intenções em querer ajudá-los instrui conforme o que eu havia entendido: - Onde fica a próxima entrada?
Informei-lhes que deveriam descer mais um pouco e entrar na próxima porta à direita.
A moça que vinha atrás do casal interviu imediatamente em minha informação equivocada.
Não moço, fica logo ali em cima, na próxima esquina.
Eu repliquei: mas moça eu acabei de sair agora mesmo da Escola! A próxima entrada é ali em baixo, aqui é a entrada dos alunos da educação infantil...
Não moço, o que esta senhora quer  é ir no hospital dos acidentados!
Eu disse desculpa senhora, eu havia compreendido outra coisa.
Foi quando o companheiro daquela senhora falou de forma enrolada com sua voz completamente nasalada.
- Não tem proplema mofo, essas coisa acontece! ( ou será que ele disse outra coisa e eu entendi isto, bom como diria Descartes, já fui traído muitas vezes pelos meus sentidos)

Eu pensei com meus botões, com quem fala muito rápido e enrolado com mais frequência!!!

A mensagem não é propriedade somente do emissor, mas  também do receptor (interlocutor).
Por isto é necessário se ter clareza dos objetivos para não ser levado por qualquer vento (Sêneca) ou  para não entrarmos em  lugares errados.
A Senhora queria ir até  hospital dos acidentados, no final das contas o lugar  indicado por mim, também seria apropriado para a Dona ter umas noções de expressão, linguagem, interpretação e comunicação...

Outro ponto que serviu para minha reflexão  foi sobre o perigo da  interpretação imediatista da mensagem.
Quando não entendemos direito a mensagem, e mesmo assim damos continuidade a conversação sem a  real compreensão do que a outra pessoa necessita,  a falta de confirmação do enunciado com a continuidade da mesma pode remeter-nos a uma diversidade de fins que não o objetivado.

Ou seja, a velhinha iria me odiar caso chegasse na recepção, pedisse para visitar o 'Raimundo Nonato' e se deparasse com um estudante do 2º ano do ensino médio.
Imagine a cena:

Recepcionista da escola - Bom dia Senhora!
Senhora -Bom dia meu fio! eu queria falar com o Raimundo Nonato!
Recepcionista - O que ele é seu?
Senhora - É meu Neto!
Recepcionista - Pronto, vou lhe encaminhar, mas qual é o Setor dele?
Senhora - Não sei qual é o setori meu fio!
Recepcionista - Qual a idade do seu neto? 
Senhora - 16 anos!
Recepcionista - A senhora pode entrar logo na próxima porta  a esquerda, e aguardar sentada que eu vou pedir para chamá-lo.

Enquanto a senhora aguarda a chegada do suposto neto,  comenta com o companheiro:

Senhora - Este 'hospitali' deve ser 'bão memo', o 'Mundinho' (Raimundo Nonato) já pode até vim aqui conversá cum nóis na sala de visita. Antigamente a genti ia no quarto pra visitar os doente.

Companheiro - é memo, nem parece um hospitali, a criançada tudo rino e brincano no quintal....

Nisto chega um moço com a farda da escola, robusto, saudável e com a aparência nada familiar àquela senhora. Quando ele se depara com aquela avó que não lhe pertencia, desconhecida, os dois ficaram atonitos sem saber o que fazer ou dizer, por se tratar do Raimundo Nonato, de 16 anos da próxima entrada e não do hospital dos acidentados...

Por Geverson Luz Godoy coisas da vida -  Denorex, parece mas não é!

Um comentário:

  1. Fico cada vez mais convicta de que precisamos desacelerar. Felizmente, algumas das nossas trapalhadas são cômicas.
    Beijos, amigo!

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