quarta-feira, 5 de agosto de 2015

A Ressignificância da unidade entre o Ensino e a Aprendizagem

Prof. Geverson Luz Godoy *

A pedagogia tradicional, bancária como a chamava o saudoso filósofo da Educação Paulo Freire, por acreditar no depósito de conhecimento que outrora seria propriedade do professor, tinha o professor como o centro do processo Educativo, sendo este processo conhecido como magistrocêntrico. 
Passado algum tempo, hoje é possível compreender a educação de um outro prisma, com um olhar diferenciado. É sabido que o ensino não certifica a aprendizagem, no entanto,  não há significado existir o ensino, caso não exista a aprendizagem, pois a primeira sem a segunda é estéril. Por estas conclusões, tem-se acreditado nestes novos tempos, no século do conhecimento, que é necessário ressignificar a unidade entre, ensino e aprendizagem.
Falar em ressignificação, o que significa recriar o significado é o mesmo que transformar o já formatado. Para isto, na maioria das vezes é necessário desorganizar o que já parece pronto. Esta transformação é um processo onde todos são co-responsáveis por parte de seu desenvolvimento, e o centro do conhecimento não é o professor, e sim o sujeito do conhecimento, aquele que busca o conhecer, seja ele o professor ou o aluno dentro da comunidade de aprendizagem investigativa.   
Em 1989, foi fundado em Santa Catarina um Centro de Pesquisa e formação de educadores chamado Centro de Filosofia Educação para o Pensar que fundou uma metodologia de ensino filosófico e pedagógica própria, fundamentada primeiramente na Proposta do Prof. Matew Lipman entre outros filósofos da educação reflexiva.
Dentro da proposta do Centro de filosofia, este processo está baseado em uma metodologia sócio-histórico-construtivista, fundamentado em uma visão humanista, onde é valorizado o conhecimento que o aluno traz de sua vida que não está vinculada somente ao banco escolar. Todo local é lugar de aprendizagem, porém na escola, podemos ressignificar o que acontece em nossas vidas, ligando o conceito com a prática. O aluno sabe fazer a prática, e, o professor ajuda-o a conceituar as suas atitudes. O conhecimento é algo que está dentro do individuo e suas relações, primeiro consigo mesmo, depois com os outros e com o mundo. O sujeito não adquire o conhecimento por meio de cópia do que lhe parece real. É através de suas capacidades, habilidades e competências, que o estudante constrói juntamente com os demais indivíduos da comunidade de aprendizagem investigativa novos conceitos que dão significado ao seu existir, oportunizando a toda comunidade de aprendizagem novas possibilidades de ação.
Dentro do processo de ensino e aprendizagem, o “erro” possui o seu valor didático pedagógico, onde o sujeito da aprendizagem constrói as suas representações, que dentro de sua logicidade, possui verdadeiro sentido, que podem ser melhoradas com a ajuda do olhar da comunidade, incorporando novas ideias, transformando o já pensado em reflexão mais aprofundada, alcançando um nível superior de conhecimento.
A intervenção pedagógica deve atentar-se ao que denominamos idade cognitiva do aprendente, ao que compete o amadurecimento da compreensão dos alunos durante os estudos de fórmulas e conceitos. Deve-se ainda, levar em consideração, os conhecimentos que se apresentam em forma de senso comum pelos estudantes, e que ainda podem ser melhor lapidados pela comunidade de aprendizagem investigativa  oferecendo o professor uma contribuição construtiva transformadora.
Estas são algumas pistas para alcançarmos o conhecimento dentro da comunidade de aprendizagem investigativa, onde o conhecer não é decorar fórmulas e regras matemáticas ou gramaticais. Para alcançar o conhecimento, o sujeito que o busca passa por um processo de modificação, aceitabilidade, reorganização, plasticidade e construção no que diz respeito à assimilação e interpretação de conteúdos estudados.
A assimilação e interpretação de conteúdos, além de serem apropriações culturais e sociais são propriedades do sujeito, portanto o sentido obtido do conhecimento é ainda subjetivo, fazendo do sujeito corresponsável e coautor de seu processo formativo.
O conhecimento subjetivo é de estrema importância na perspectiva da aprendizagem, pois implica no simbolismo que é dado pelo sujeito á parcela da realidade estudada, juntando com a percepção simbólica de toda a comunidade e fazendo relações entre a teoria e a prática.
Dentro desta perspectiva a participação do professor é compreendida como parte da comunidade de aprendizagem investigativa, o professor passa a ser mediador de conhecimentos, aquele que se ocupa como facilitador na aprendizagem, transformador e ressignificador de conceitos. Os conceitos são ferramentas que desenvolvem nos educandos habilidades de raciocínio que os levam a pensar com uma melhor qualidade e clareza, direcionando-os para um pensamento com excelência. Isto é uma filosofia viva.

* Prof. Geverson Luz Godoy: Filósofo, Professor, Palestrante, Psicopedagogo Institucional,  Assessor filosófico e pedagógico e divulgador no Sistema de Ensino Reflexivo - S.E.R. - Centro de Filosofia Educação para o Pensar - Editora Sophos. 


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